O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista atualmente é feito através do acompanhamento clínico por meio de avaliação psicológica e neurológica. O Manual de Diagnóstico de Transtornos Mentais 5 (DSM-5) propõe alguns critérios diagnósticos respeitando algumas especificidades dentro de cada critério.
Você já parou para se perguntar como é feito o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA)? Seriam necessários exames com engenharia biomédica avançada? Na verdade, há sim muita complexidade por trás do processo, contudo ele não é baseado na tecnologia das máquinas, mas sim no conhecimento rebuscado de especialistas. Esclarecer os princípios dessa investigação é a tarefa que vamos nos dedicar agora. Embarque em mais uma descoberta pelo Universautista! Vamos lá!
Para iniciar, entenda que, atualmente, o diagnóstico é feito através do acompanhamento clínico por meio de avaliações em áreas como psicologia e neurologia. Para nortear a avaliação dos profissionais existem diferentes manuais que trazem propostas de critérios diagnósticos e, entre eles, um dos mais utilizados é o Manual de Diagnósticos de Transtornos Mentais 5 (DSM-5). Assim como o processo, cada critério possui especificidades que vamos buscar conhecer neste momento. O primeiro critério refere-se aos déficits persistentes na comunicação social em vários contextos, seja na reciprocidade emocional da criança autista, como por exemplo, ter dificuldade em estabelecer uma conversa com outros indivíduos, ou até mesmo capacidade para iniciar uma interação social. Outros contextos, no que tange a comunicação social, são falhas nos comportamentos comunicativos não verbais, como dificuldade de contato visual e dificuldade na compreensão de gestos, e dificuldades para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, por exemplo, a dificuldade em conseguir fazer amigos e manter essas amizades.
O segundo critério diagnóstico fala a respeito dos padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses ou atividades. Isto é observado na criança quando esta, por exemplo, possui falas ou movimentos motores repetitivos ou estereotipados como repetir palavras ou frases que ouve e alinhar seus brinquedos. Ainda, a criança pode apresentar inflexibilidade na mudança de sua rotina, apresentando padrões rígidos de comportamento cotidiano, interesses fixos em assuntos diferentes dos usuais para crianças da idade, e sensibilidade aumentada ou diminuída a estímulos sensoriais do ambiente como barulhos, temperatura e odores.
A respeito de todas essas observações é feita uma ressalva importante, o terceiro critério preconiza que os sintomas devem estar presentes num período de desenvolvimento precoce. Ainda assim, esses mesmos sintomas podem não ser evidentes precocemente, pois muitas vezes é necessário que a criança esteja envolvida num meio social que exceda sua capacidade de lidar com as situações que aparecem ou até mesmo podem ser mascarados, visto que a criança pode aprender a criar estratégias para lidar com as frustrações e aborrecimentos sociais. Ainda sobre a avaliação, o critério número quatro relata que para o diagnóstico, os sintomas citados precisam causar prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas que sejam importantes da vida da pessoa autista.
Por fim, o quinto e último critério afirma que hoje, todos esses sintomas estão desvencilhados da deficiência intelectual, sendo essa considerada apenas uma comorbidade que pode estar presente no Transtorno do Espectro Autista.
Tudo que debatemos até agora é bastante coisa, certo? E ainda tem mais, muito mais. Por isso, vamos frear a nossa nave e fazer uma pausa!
Ainda que a descrição de critérios diagnósticos pareça ser bastante clara e objetiva, é importante ter em mente que todos esses dados são voltados a especialistas e não para análise da população em geral. Os profissionais são dotados de experiência para gerar um raciocínio que permite julgar quais alterações identificadas no neurodesenvolvimento de um indivíduo preenchem ou não critério diagnóstico. Por esse e outros motivos, o uso dos manuais diagnósticos deve ser feito somente sob a orientação de profissionais capacitados a identificar todas as nuances por trás das informações que foram anteriormente descritas.
Ok! Mas agora você deve estar se questionando o porquê de estarmos aqui descrevendo essas informações. Caro tripulante, a nossa luta envolve a transmissão segura das principais informações envolvidas no Universautista. Não seria incomum se deparar com esses critérios ao pesquisar a respeito TEA. Porém! Infelizmente, nas mídias digitais se tornou comum o uso de informação de fonte correta, mas de forma inadvertida. Utilizar informações de forma leiga e sem respeitar o processo diagnóstico sob domínio de profissionais é o primeiro passo para errar e transformar critérios em condenações. Por esse motivo que nós estamos aqui! Para lutar em prol da educação midiática e orientar sobre leitura e compartilhamento correto e responsável de informação!
Certo, agora vamos abrir a porta da nossa aeronave e dar lugar para novas orientações! Vamos acelerar em direção aos profissionais responsáveis pelo processo diagnóstico para que possamos utilizar de forma adequada a nossa bagagem de conhecimento adquirido até aqui e assim fazer da nossa viagem uma aventura segura.
Para isso, entenda! Dentro desses critérios, algumas especificidades são estabelecidas, visto que o autismo não é um transtorno que possui um único padrão e sim um espectro de múltiplos comportamentos. Dado esse contexto, é preciso que os critérios sejam avaliados por psicólogos ou neurologistas, e que eles descrevam a gravidade baseando-se nos prejuízos na comunicação social e em padrões restritos repetitivos de comportamento. Além disso, é preciso também destacar se há ou não comprometimento intelectual concomitante, comprometimento da linguagem, se há alguma condição médica ou genética associada, algum outro transtorno do neurodesenvolvimento, mental ou comportamental, como por exemplo, o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade. Todas essas especificidades que avaliam o grau de acometimento ajudam a delinear o caminho do tratamento.
Ufa! Viu como não é simples, claro e objetivo? Ainda, após avaliarem-se os critérios diagnósticos associados as especificidades, há 3 níveis de gravidade para o Transtorno do Espectro Autista:
Nível 3 – Grau que contempla os indivíduos que exigem muito apoio substancial. A criança nesse nível possui déficits graves nas habilidades de comunicação social verbal e não verbal que causam graves prejuízos no seu funcionamento e desenvolvimento social, além de apresentar extrema inflexibilidade e dificuldade em lidar com mudanças em sua rotina.
Nível 2 – O segundo nível exige pouco apoio substancial. A criança ainda apresenta grandes dificuldades nas habilidades de comunicação e de interação social. Mesmo com auxílio e apesar de já não mais extrema, ainda possui inflexibilidades na rotina.
Nível 1 – Nesse nível a criança exige apoio, pois na ausência desse, pode apresentar prejuízos na comunicação social. Além disso, nesse nível, a criança possui dificuldade para iniciar seus relacionamentos sociais e apresenta dificuldade em trocar suas atividades rotineiras.
Ainda sobre essa classificação, atente-se! Ela e outras ferramentas de avaliação passam por mudanças a respeito do seu uso. Não é errado a utilização dessa divisão, muitos profissionais a utilizam. Da mesma forma, também não estão errados os profissionais que fogem um pouco da categorização e caminham mais no sentindo do espectro. Assim como nós aqui construímos conhecimento por meio de troca de informações, os profissionais também fazem!
Dessa forma fica claro entender que o processo diagnóstico do TEA é complexo e desafiador, tanto para quem avalia quanto para a família que recebe o diagnóstico. Olha só! Já é possível enxergar em nossa volta estrelas do Unviersautista! Vamos, nas próximas aventuras, desbravar uma por uma, começando pela importância do diagnóstico e intervenção precoce e partiremos para a importância da avaliação multidisciplinar. Fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicopedagogos, nutricionistas e muitos outros profissionais estão entrando na nave. Mas pode ficar tranquilo, levante-se e dê as boas vindas. Não se preocupe em perder o seu assento, na nossa nave há espaço para todos e a partir de agora só viajamos juntos!
Débora Delwing Dal Magro e Daniela Delwing de Lima