Para iniciar, vamos desvendar o termo Transtorno do Espectro Autista (TEA) ao compreender o significado de todas essas palavras difíceis que encontramos quando ouvimos falar desse assunto.
O entendimento dos aspectos relacionados ao TEA muitas vezes é dificultado pelo aparecimento de palavras mais técnicas, o que pode deixar o leitor com dúvidas e sem o entendimento completo da mensagem que se quer passar. Sendo assim, é muito importante que se compreenda o significado desses termos, pois serão recorrentes em nossas conversas e sem entendê-los podemos acabar nos perdendo durante essa incrível caminhada.
Autismo, Transtorno do Espectro Autista, Síndrome de Asperger, Transtornos Globais do Desenvolvimento… O que querem dizer todos esses termos? É o que você, caro leitor, pode nos perguntar. A verdade é que não é difícil se confundir, até porque, o que chamamos de autismo hoje não é a mesma coisa que chamávamos de autismo há 30 anos atrás. Fique calmo, estamos aqui para ajudar e faremos isso explicando brevemente o significado básico por trás disso tudo, uma vez que, sem alguns desses sentidos, podemos encontrar dificuldades para entender esse mundo tão fascinante.
Outro fator que pode dificultar o entendimento e a transmissão de conhecimentos sobre o autismo é que existem 2 classificações diferentes utilizadas para definir os transtornos do neurodesenvolvimento associados ao autismo. Uma delas e mais atual é o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição (DSM-5), lançado em 2013 e produzido pela Associação Americana de Psiquiatria. A outra classificação, apesar de mais antiga, é mais utilizada e chama-se Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-10), produzida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e utilizada desde 1994.
Para o DSM-5, todos os transtornos relacionados ao autismo (entre eles a Síndrome de Asperger) são classificadas como Transtorno do Espectro Autista, sendo o TEA por sua vez um dos transtornos do neurodesenvolvimento. Por outro lado, a CID-10 separa esses transtornos relacionados ao autismo em transtornos diferentes, entre eles o autismo infantil, autismo atípico, síndrome de Asperger, sendo cada um deles um tipo diferente de transtorno global do desenvolvimento (TGDs). É valido também ressaltar que já há uma nova versão da CID pronta (CID-11), e que assim que a mesma entrar em vigor, essas subdivisões de TGDs serão finalmente abandonados, consolidando a visão do TEA como um único transtorno com vários graus de acometimento.

Mas vamos retornar agora ao nosso questionamento inicial: o que é o autismo? Essa é uma pergunta difícil que tentaremos responder em várias de nossas publicações, mas, antes disso, já devemos deixar registrado que o nome mais adequado atualmente é Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Quando dizemos que alguém tem o TEA ou que alguém é autista, estamos dizendo que essa pessoa possui um transtorno neurológico que dificulta sua capacidade de comunicação e interação com outras pessoas e com o mundo ao seu redor. Muitas vezes, também estão presentes alguns comportamentos e interesses restritos, como por exemplo hábitos alimentares e rotinas rígidas. Em contrapartida, apesar dessas dificuldades, alguns autistas podem desenvolver habilidades especiais na arte, na música, de cálculo, de memória, entre outras.
Perceba que o autismo é uma condição extremamente diversa, com diferentes graus e formas de acometimento do indivíduo. Pelo fato de existirem casos leves e casos mais complexos no que diz respeito a dificuldade de se relacionar com o mundo, costuma se dizer que não existe “o autismo”, mas sim “os autismos”. Dessa forma, defende-se que o termo mais adequado e atual é o “Transtorno do Espectro Autista (TEA)” e não somente “autismo” para a representação de um espectro que compreende indivíduos desde um polo mais leve até um polo mais grave. Assim, fica mais claro que cada autista é único e devemos ter essa compreensão para não rotularmos e limitarmos um indivíduo como autista sob um estereótipo que menospreza as características igualmente únicas que ele pode vir a desenvolver.
Ainda, dentro desse universo, uma parte das pessoas com Autismo apresenta sintomas mais leves e, apesar de algum grau de dificuldade para comunicação social estar presente e possuírem interesses restritos, não há prejuízo na cognição (memória, raciocínio, atenção) ou linguagem. Esses indivíduos são denominados como portadores da Síndrome de Asperger. Sobre esse termo, não há um consenso na comunidade científica se ele ainda é tecnicamente adequado, porém é importante ter uma noção do que se trata já que o seu uso é bastante popular e utilizado frequentemente.
Quando o termo é “autismo de alta funcionalidade”, estamos nos referindo a autistas que conseguem usar a linguagem de forma adequada, permitindo uma maior interação com o ambiente e eventualmente capacidades cognitivas superiores à média da população, de forma semelhante à Síndrome de Asperger, apesar de terem características diferentes. Do outro lado da moeda, temos o “autismo de baixa funcionalidade” que é usado para autistas com prejuízo grave da linguagem e que podem não vir a desenvolvê-la por completo até a idade adulta.
Por último, o termo Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) é um termo utilizado pela CID-10 para agrupar distúrbios relacionados ao TEA, que comprometem a interação social e associados à presença de interesses restritos da mesma forma que o TEA, mas separando-os em autismo, síndrome de Asperger, entre outros. Como já comentamos, atualmente, o TEA é considerado como um transtorno diverso que engloba todas essas definições e, por esse motivo, o termo TGD vem sendo substituído pelo conceito de TEA.
Existem vários termos técnicos utilizados para definir o autismo. Reconhecer as diferenças que existem dentro de um grupo tão heterogêneo é importante, mas tudo isso pode dificultar o nosso entendimento no início. Por isso, começamos a nossa jornada esclarecendo um pouco a respeito dessa linguagem e as diferentes classificações destinadas ao autismo. Assim, podemos facilitar a leitura e otimizar a nossa comunicação dentro do Universautista.
O Autismo é uma condição muito diversa não é mesmo? É tão diversa quanto os termos usados para se referir ao espectro. Esperamos que uma compreensão básica tenha sido alcançada, já que essa conversa vai ser necessária ao entrar em contato com nossos próximos conteúdos a respeito do TEA. Fiquem atentos para nossas próximas publicações e de olhos abertos quando encontrarem esses termos novamente.😉
Pedro Henrique Nitzke Schmidt
Fica aqui o resuminho para você! 👇🤗
