As alterações de comunicação no autismo

Olá viajantes! Estamos entrando em mais um tópico desse imenso universo que é o autismo, a comunicação. Este é um dos principais fatores para se chegar ao diagnóstico. Essa tal comunicação é bastante ampla e complexa, mas nessa parte do nosso manual, vamos tentar esclarecer algumas dúvidas e preparar o terreno para novas discussões.

Como já discutimos anteriormente, cada indivíduo dentro do TEA é detentor de características muito peculiares, de forma que não devemos compará-los uns com os outros. Por isso, dentro da avaliação, é essencial saber em que nível de comunicação social cada autista se encontra.

E você sabe o que é comunicação social? Por exemplo, repetir falas de vídeos, conversar somente sobre um determinado assunto, não responder perguntas simples como “quantos anos você tem?’’ são reflexos de uma comunicação não efetiva. Muitos podem ter dificuldades para identificar essa falha, mas, nesses casos, a comunicação social ou habilidade social está longe do ideal, comprometendo a capacidade do indivíduo interagir com a sociedade. Por esse motivo estamos aqui, para ressaltar sinais de alerta e ratificar para a necessidade de avaliação para posterior estimulação por um profissional adequado. Para aprofundarmos nosso assunto, é importante dividirmos e conceituarmos três termos que muitas vezes são utilizados erroneamente no diagnóstico e tratamento do TEA. São eles: fala, linguagem e comunicação.

Nesse contexto, quando falamos sobre comunicação, nos referimos a um processo complexo onde ocorre a troca de informações por meio de combinações verbais (fala e linguagem) e não-verbais (expressões faciais, postura, gestos, olhar e linguagem corporal). Alguns autistas possuem a capacidade de falar, mas não a utilizam em um contexto social, falam palavras ou até frases, mas não possuem um significado ou não se encaixam em um contexto.

A linguagem, por sua vez, é o instrumento da comunicação, que pode ser oral ou escrita. Através dela desenvolvemos competências em quatro áreas: fonológica (sons das letras), semântica (significado das palavras), sintática (forma, ou seja, aprendemos a organizar as palavras em uma frase) e pragmática (aprendemos a adaptar e adequar a linguagem dentro de um contexto social). No TEA, uma criança com alteração de linguagem pode pronunciar palavras adequadamente, com todos os fonemas (sons), mas não construir uma frase. Ela se comunica, pode solicitar o que deseja, mas de forma simplificada. Também é comum no autismo a inversão pronominal, por exemplo, a criança usar a terceira pessoa para falar de si: Matheus quer água.

Já a fala representa um ato motor que permite a transmissão de sons, palavras e frases. Seu desenvolvimento pode ser afetado por alguns fatores, como alteração na percepção do som (déficit de processamento auditivo central), ou por problemas motores que atingem a capacidade do cérebro para enviar informações aos órgãos fonoarticulatórios (boca, língua, lábios).

Algumas crianças com TEA comunicam-se normalmente, mas apresentam alterações de prosódia, que está diretamente relacionada às diferenças no ritmo da fala, tom de voz e na entonação dada a cada palavra.

Nossa, como a comunicação é ampla, não é mesmo? Muitas vezes achamos que falar papai, mamãe, “qué ága” (quero água) é fácil. Mas a quantidade de treino que isso exige e as infinitas conexões neurais realizadas para cada habilidade dessa ser adquirida são enormes, assim como nosso universo.

Ainda, em um dos extremos, alguns autistas são não-verbais e podem ser beneficiados com sistemas de comunicação alternativa, como o PECS. Este é um sistema de comunicação por imagens, onde ensinamos a criança a apontar e assim conseguir se comunicar. Esse aprendizado também não é fácil, exige dedicação e treino. Muita atenção, concentração, contato visual, compreensão e depois disso, podemos chegar aos resultados desejados.

Os autistas apresentam muita dificuldade em interagir e manter uma comunicação social eficiente. Hoje, em função de inúmeras pesquisas, o tratamento realizado precocemente permite um desenvolvimento de linguagem e fala bastante efetivo. E mostrar a importância desta habilidade, é o primeiro passo.

Viram como é amplo esse assunto? Poderíamos ficar por aqui durante toda a nossa viagem, só falando disso. A linguagem das pessoas típicas se dá de uma forma tão natural que nunca pensamos no quanto isso é complexo e importante no nosso dia a dia. Para o autista, isso não é natural, precisa ser ensinado. Mas com muito treino, paciência, amor e dedicação, chegaremos aos resultados tão esperados.

Espero ter ajudado vocês na parte da comunicação, mas ainda abordaremos mais sobre esse assunto por aqui! Sigam em frente, sempre almejando alcançar mais e mais conhecimento!

Ana Paula Muller

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